Apenas 5% dos restaurantes com estrelas Michelin do mundo são comandados por mulheres
Em 1900, o engenheiro André Michelin, fundador da famosa marca de pneus Compagnie Générale des Établissements Michelin, publicou o primeiro Guia Michelin. A fim de promover o turismo automóvel na febre da revolução industrial, criou um roteiro que reunia os restaurantes e hotéis franceses. Com ele, tinha o objetivo de que pessoas do mundo todo visitassem o mercado automóvel em ascensão.
Com o passar dos anos, o Guia Michelin tornou-se uma das classificações mais importantes no universo da gastronomia. Atualmente é considerado o principal indicador dos melhores restaurantes, e sua seleção é anualmente aguardada por chefs do mundo todo. Os restaurantes são classificados entre uma e três estrelas com critérios específicos. As avaliações enaltecem o luxo e a perfeição dos centenas de preparos que saem diariamente das cozinhas.
Apesar de seu grandioso sucesso, o Guia Michelin apresenta uma significativa desproporção entre o número de homens e de mulheres premiados. Em 2018, apenas 2,6% dos restaurantes franceses estrelados têm mulheres no comando, em um país considerado o centro da alta gastronomia mundial.
A grande diferença de reconhecimento não é só na França; isto é, o descompasso é generalizado. No mundo machista e altamente competitivo da alta gastronomia, as mulheres são certamente minoria. Elas carregam apenas 5% de todas as estrelas Michelin do mundo, de acordo com dados do Guia Michelin de 2018.
Ao avaliar o quadro de cada país, o resultado não é diferente. Em todos, a quantidade de cozinhas sob comando feminino é inferior à quantidade sob comando masculino. Os quatro países com mais restaurantes estrelados são França, Espanha, Itália e Estados Unidos. Neles, o número de estabelecimentos comandados por homens é substancialmente maior do que por mulheres. O infográfico abaixo traz a proporção entre chefs mulheres e homens estrelados no Guia Michelin de 2018, nos quatro países em questão.
Questionado sobre a disparidade, Michael Ellis, ex-diretor geral do Guia, afirmou que “gênero não é levado em conta pelos inspetores, apenas a qualidade da cozinha. Isto é, nós não olhamos para o sexo, origem ou idade do chef, só para o que aparece no prato”. Em contrapartida, dados como os apresentados mostram que há de fato um grande desequilíbrio no universo da gastronomia profissional.
Sem dúvida há diversas cozinheiras aptas para terem seus restaurantes destacados no Guia. O que falta é o reconhecimento dessas mulheres para que elas alcancem as tão prestigiadas estrelas Michelin.